100 anos de samba
Samba preserva tradições e costumes brasileiros
Os trabalhos que resultaram no reconhecimento do samba do Recôncavo e das matrizes do samba do Rio de Janeiro como Patrimônio Cultural Imaterial pelo Iphan são obras que ajudam a entender a construção da cultura brasileira, especialmente as manifestações surgidas a partir do século XIX. Para além da música, o samba influenciou costumes, tradições e outras atividades artísticas que sobrevivem até os dias de hoje. “O samba é um bem cultural que é uma forma de expressão, ultrapassa meramente a palavra, envolve relações sociais, dança, relações de amizade, são modos que a sociedade tem de se expressar e de colocar como particularidade de sua cultura”, destaca a antropóloga do patrimônio imaterial do Iphan, Rívia Bandeira. “O samba existe e está aí, é uma demonstração forte da formação da nossa sociedade e por isso é reconhecido como patrimônio”.
Uma das instituições que será agraciada com a Ordem do Mérito Cultural, em cerimônia no próximo dia 7 de novembro, no Palácio do Planalto, o Museu do Samba, nome atual do Centro cultural Cartola, coordenou, ao lado da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), a elaboração do dossiê que resultou no reconhecimento das matrizes do samba do Rio de Janeiro – partido-alto, samba de terreiro e samba-enredo – como Patrimônio Cultural do Brasil. Diretora-executiva do Museu do Samba, Nilcemar Nogueira fez o pedido, pois temia o enfraquecimento das matrizes do samba do Rio. O título foi registrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2007.
“Cartola foi fundamental para minhas escolhas na vida e para o trabalho que faço hoje. Fico feliz que ele tenha sido referência positiva de superação e que eu possa dar uma ligeira contribuição para o samba”, diz Nilcemar Nogueira.
Um dos movimentos iniciais no sentido de reconhecimento e preservação do samba foi iniciativa do folclorista, etnólogo e pesquisador Edison Carneiro (1912-1972), que, em 1962, redigiu A Carta do Samba. Segundo Carneiro, a variedade demonstra que o samba, legado do negro de Angola trazido para o Brasil pela escravidão, se encontra em um processo de adaptação, “longe de estabilização em constâncias finais”.
“Passando de um para outro grupo social, de um Estado para outro, de um relativo desconhecimento para a voga geral, o samba alarga as suas fronteiras, avantaja os seus horizontes, multiplica e renova suas energias”, escreveu Carneiro.
Fonte: http://www.cultura.gov.br
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